Com relação ao o texto veiculado no jornal “Folha de São Paulo” na coluna da jornalista Cláudia Collucci, do dia 28 de janeiro, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reiteram a importância da vacinação contra o HPV na prevenção não apenas do câncer de colo uterino, mas também de neoplasias em outros órgãos (ânus, pênis, boca, vagina etc).
Sabemos que o câncer de colo de útero é o segundo mais frequente entre as brasileiras – o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima em 18 mil o número de novos casos diagnosticados por ano, infelizmente com alta mortalidade, a despeito da existência do teste preventivo papanicolaou.
As milhões de doses já aplicadas em todo o mundo atestam a segurança e a eficácia das vacinas hoje disponíveis. No caso específico do HPV, países como Austrália, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, entre outros, introduziram a vacina em seus programas públicos de imunização e hoje já colhem bons resultados na prevenção.
Temos absoluta convicção de que a melhor forma de enfrentarmos o câncer de colo de útero é a estratégia que combina a prevenção primária (vacina) – forma mais eficiente de evitar a infecção – com a secundária, que detecta as lesões de colo (papanicolaou).
A inexistência de um contraponto por parte das autoridades de saúde infelizmente acabou privando o leitor da possibilidade de avançar em suas reflexões e de fazer sua escolha de forma mais consciente. A seguir, destacamos alguns dos principais equívocos:
“A eficácia da vacina foi verificada apenas em meninas sem vida sexual”. Não é verdade. Os estudos que permitiram o licenciamento da vacina incluíram também mulheres com vida sexual ativa, em numero suficientemente elevado para permitir conclusões categóricas quanto à eficácia e segurança.
“… podemos dizer que se alguém já iniciou sua vida sexual a chance de ter sido contaminado pelo vírus é de quase 100%. Ou seja, se a pessoa não é mais virgem, tomar a vacina não vai fazer nenhum efeito…”. A infecção por algum dos tipos de HPV é realmente precoce. Dois anos após o inicio da vida sexual ativa, cerca de 50% das pessoas se infectarem com algum tipo de HPV. Como há mais de 100 subtipos desse vírus, a chance de uma pessoa ter sido infectada por todos eles é praticamente zero. Portanto, e enfaticamente, embora por razões óbvias, o ideal de vacinar antes do inicio da vida sexual não representa limitação ao uso da vacina nem diminui sua relevância na prevenção. É importante salientar que mesmo em países como EUA, Reino Unido e Austrália, com excelentes programas de prevenção de câncer, o exame papanicolaou isoladamente não foi capaz de eliminar o problema e é por isso que esses países implementaram programas públicos de vacinação contra o HPV. Trata-se de estratégias complementares, não excludentes.
Quanto aos eventos adversos citados, eles apresentam reversão rápida, sem qualquer consequência residual, e não se comprovou relação causal com a vacina, e sim temporal (ocorreram até algumas semanas após a vacinação). Mas não é possível afirmar que não se trate apenas de coincidência (isso porque a frequência de cada um desses eventos é extremamente baixa). Em relação aos desmaios este é um fenômeno extremamente comum na adolescência e está relacionado à administração de qualquer medicação ou vacina injetáveis.
Fonte: SBim