*Fonte: SBim

Há quem diga que é melhor pegar catapora para “ficar livre da doença”. Grande engano! Em crianças, a catapora costuma ser benigna, mesmo assim causa bastante incômodo. Fazer os pequenos não coçarem as lesões é uma missão quase impossível, e a prática pode provocar feridas e desencadear infecção bacteriana. Pneumonia e o comprometimento do sistema nervoso são outras complicações — felizmente, raras — e podem levar à internação. Em adolescentes e adultos o quadro costuma ser mais crítico, sem falar na questão estética e nas oportunidades perdidas por conta da quarentena que deve ser imposta aos doentes pelo alto risco de transmissão.

A infecção, prevenível por vacina, é causada pelo vírus Varicela zoster (da catapora), é altamente contagiosa e fácil de ser diagnosticada devido às erupções características na pele. Elas surgem como manchinhas vermelhas por todo o corpo, coçam e evoluem para vesículas (bolhas) até nas mucosas (boca e região genital), mas não ao mesmo tempo. Isso faz com que a pessoa apresente erupções em diversas fases: manchas, bolhas e crostas. Também podem ocorrer febre, mal-estar, dor no corpo e na cabeça. Além disso, quando a pessoa se infecta, esse vírus fica “adormecido” no organismo. Embora não vá mais causar catapora, poderá, no futuro, principalmente a partir dos 50 anos, provocar o herpes zóster, mais conhecido como cobreiro.

Transmissão:

A catapora é transmitida pelo contato com saliva ou secreções respiratórias, lesões de pele e mucosas e objetos contaminados.

Como o vírus tem incubação relativamente longa (de 14 a 16 dias, podendo variar de dez a 20 dias), pode-se fazer a vacinação pós-exposição até 72 horas após o primeiro contato com a pessoa doente. A infecção confere imunidade para toda a vida, e quem não teve a doença ou ainda não foi vacinado precisa receber duas doses da vacina para se proteger.

Vacinas:

  • Varicela
  • Quádrupla viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)

Também conhecida como papeira, essa virose prevenível por vacina é mais frequente na infância e produz imunidade permanente. O sintoma mais característico, presente em 65% dos casos, é o inchaço nas bochechas e na mandíbula, produzido pelo aumento das glândulas salivares. A doença causa febre, dor de cabeça e pode acometer outras glândulas como o testículo, o que, em episódios mais graves, leva até mesmo à esterilidade. Além disso, uma em cada dez pessoas pode desenvolver meningite viral (inflamação das membranas do cérebro).

A vacinação em massa ajudou a reduzir significativamente os antes frequentes surtos de caxumba, capazes de atingir até 85% dos adultos não imunizados. É interessante destacar que a enfermidade é mais grave no grupo, mas, ainda assim, 33% dos infectados não apresentam sintomas.

Infelizmente, apesar do controle possibilitado pela vacinação, vimos o número de surtos aumentar no Brasil nos últimos anos. A explicação provável para o crescimento é a grande quantidade de jovens adultos que não foram vacinados na infância porque a vacina tríplice viral não fazia parte da rotina de vacinação ou por não terem participado das campanhas instituídas pelo Ministério da Saúde.

É importante destacar que pessoas vacinadas podem adoecer durante surtos, que não são raros, visto que a eficácia da vacina após a aplicação das duas doses recomendadas é de 80%-90%. As chances de surtos e de infecção de vacinados, no entanto, caem muito se todos — incluindo adolescentes e adultos — se imunizarem. Quanto maior a cobertura vacinal, menor a circulação de vírus no ambiente.

Transmissão:

Causada pelo Paramyxovirus, a caxumba é transmitida pelo contato com gotículas de saliva da pessoa infectada.

Vacinas:

  • Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
  • Quádrupla viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)

Quem já ouviu o som produzido por bebês com coqueluche não esquece. A sequência de tosse seca é intercalada pela ingestão de ar, o que provoca uma espécie de guincho ou chiado. Quando ocorre repetidas vezes e de modo intenso, pode fazer com que a criança apresente coloração azul-arroxeada (cianose) pelo prejuízo da oxigenação do sangue que estas crises causam. Além da respiração, esse processo também prejudica a alimentação.

A coqueluche, doença prevenível por vacina, pode causar ainda pneumonia, convulsões, comprometimento do sistema nervoso e morte. Quanto mais novo é o bebê, mais grave é a doença, que muitas vezes exige internação em Unidade de Tratamento Intensivo. Em adultos, pode parecer um resfriado, sem muitos sintomas.

Transmissão:

Também conhecida como “tosse comprida”, a coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis, que vive na garganta das pessoas, mesmo que com poucos sintomas, e é transmitida de uma pessoa para a outra por gotículas de saliva ao falar, tossir ou espirrar.

A maior parte das ocorrências e todos os casos fatais são em crianças com menos de 1 ano (principalmente nos primeiros 6 meses de vida), ainda não vacinadas ou que não receberam pelo menos três doses da vacina. O Ministério da Saúde (MS) informa que de 1999 a 2013 o número de casos confirmados passou de 3.036 para 6.368. Em 2015, foram confirmados 2.955 casos, dos quais 62,6% ocorreram em menores de 1 ano de idade — a grande maioria menores de 6 meses, ou seja, pessoas que ainda não puderam completar a imunização primária.

Para controlar essa situação é importante vacinar o bebê e todas as pessoas que convivem com ele, começando pela vacinação da gestante, para que ela possa transferir, através da placenta, os anticorpos que protegerão o recém-nascido nos primeiros meses, até que se complete o esquema de vacinação (por volta do sétimo mês de vida). A vacinação de quem convive com o bebê constitui a chamada “Estratégia Cocoon” (casulo, em inglês), que vale também para outras doenças preveníveis por vacinas.

Vacinas:

  • DTPw-HB/Hib (tríplice bacteriana de células inteiras combinada às vacinas hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPw (tríplice bacteriana de células inteiras)
  • DTPa-VIP/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas poliomielite inativada e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPa-VIP-HB/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas poliomielite inativada, hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPa (tríplice bacteriana acelular)
  • dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto)
  • dTpa-VIP (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto combinada à vacina poliomielite inativada)

Doença infecciosa de grande impacto na saúde coletiva, a dengue é registrada na maioria dos países das regiões tropicais e subtropicais. Estima-se que ocorram anualmente cerca de 100 milhões de episódios da doença em todo o mundo, levando a internações e óbitos. Os surtos, que muitas vezes surgem de forma imprevisível, têm o potencial de sobrecarregar os sistemas público e privado de saúde.

No Brasil, de janeiro a 13 de maio de 2017, foram contabilizados mais de 144 mil casos prováveis de dengue. A região Nordeste concentrou a maioria (31,5%), seguida das regiões Sudeste (29,6%), Centro-Oeste (24,1%), Norte (12,5%) e Sul (2,4%). No período, foram confirmados 82 casos de dengue grave, 1.041 casos de dengue com sinais de alarme (que podem evoluir para formas graves, como a hemorrágica) e foram confirmadas 23 mortes. Além desses, outras centenas de casos estão em investigação.

Existem quatro sorotipos do vírus (DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4). Em geral, um predomina a cada ano, mas é muito difícil saber de antemão qual deles será. Tanto em 2015 como em 2016, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 90% dos casos foram causados pelo sorotipo 1.

A doença apresenta período de incubação de quatro a dez dias (média de cinco a seis dias). A infecção pode ser assintomática ou causar um amplo espectro de quadros clínicos, desde formas pouco sintomáticas até quadros graves, com ou sem hemorragia.

Normalmente, o primeiro sintoma é a febre alta (39° a 40°C) de início súbito, durando de dois a sete dias, podendo ser acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e prurido cutâneo. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Nessa fase inicial, pode ser difícil diferenciá-la de outras doenças febris.

Geralmente, entre o terceiro e o sétimo dia da doença, ocorre uma diminuição ou desaparecimento da febre e alguns casos evoluem para a recuperação e cura; outros, porém, podem apresentar sinais de alarme, evoluindo para as formas graves da doença. Os principais são: dor abdominal intensa e contínua, vômito persistente, sangramento de mucosas (nariz, gengivas), hipotensão, letargia, sonolência ou irritabilidade e tontura. Na presença destes sinais, procurar atendimento médico é extremamente importante.

Não existem medicamentos específicos para combater o vírus. O tratamento visa ao controle dos sintomas e estabilização do paciente.

Transmissão:

Quando uma fêmea do mosquito Aedes aegypti pica uma pessoa infectada, o vírus da dengue que circula no sangue é ingerido, infecta o mosquito e pode ser transmitido para outras pessoas que forem picadas. O mosquito contaminado é capaz de disseminar a doença durante todo seu ciclo de vida (cerca de seis a oito semanas).

Casos de transmissão vertical (da gestante para o feto) e por transfusão sanguínea já foram registrados.

Vacinas:

Dengue

O surgimento de placas esbranquiçadas nas amígdalas ou laringe, febre e calafrios podem ser sintomas da difteria. Essa doença, prevenível por vacina, é também conhecida como “crupe”. Ela é causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae, que vive na boca, garganta e nariz da pessoa infectada e produz uma toxina que pode gerar graves complicações, como a insuficiência cardíaca e a paralisia.

Transmissão:

A difteria é transmitida por via respiratória, em gotículas de secreção eliminadas durante a tosse, o espirro ou a fala, mesmo quando o portador da bactéria não apresenta sintomas, processo que pode durar mais de seis meses. Pessoas não vacinadas, de qualquer idade, raça ou sexo, podem contrair a doença, ainda que já tenham se infectado anteriormente. Por essa razão é importante se vacinar a cada dez anos.

Para o controle da difteria, é preciso que pelo menos 80% da população esteja vacinada. A doença é mais frequente em regiões com situação sanitária deficiente e maior índice de aglomeração de pessoas, onde geralmente há baixa cobertura vacinal. No entanto, países desenvolvidos, com adequada cobertura, também registram ocorrências. Em 2015, na Espanha, oito crianças que tiveram contato com um menino diagnosticado com difteria apresentaram resultado positivo para a bactéria Corynebacterium diphtheriae. Felizmente, como tinham sido vacinados, não adoeceram. No mesmo ano, no Brasil, houve 101 casos suspeitos, dos quais 14 foram confirmados. A maior parte ocorreu em estados do Nordeste.

A vacina é a única forma eficiente de prevenção e está indicada a partir dos 2 meses de vida, com reforços a cada dez anos, inclusive para adolescentes, adultos e idosos.

Vacinas:

  • DTPw-HB/Hib (tríplice bacteriana de células inteiras combinada às vacinas hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPw (tríplice bacteriana de células inteiras)
  • DTPa-VIP/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas poliomielite inativada e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPa-VIP-HB/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas poliomielite inativada, hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPa (tríplice bacteriana acelular)
  • dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto)
  • dTpa-VIP (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto combinada à vacina poliomielite inativada)
  • DT (dupla bacteriana infantil)
  • dT (dupla bacteriana do tipo adulto)

A meningite meningocócica (infecção das membranas que recobrem o cérebro) certamente está entre as doenças imunopreveníveis mais temidas. Ela é causada pela bactéria Neisseria meningitidis (meningococo) e é mais grave quando atinge a corrente sanguínea, provocando meningococcemia — infecção generalizada. De 1.500 a mais de 3 mil brasileiros são acometidos todos os anos. Pessoas não vacinadas de qualquer idade são vulneráveis, mas no Brasil a DM é mais frequente entre crianças com até 5 anos.

Cinco tipos (sorogrupos) de meningococo causam a maioria dos casos de DM. São eles: A, B, C, W e Y. A importância de cada um varia conforme o país ou região, e também ao longo do tempo. No Brasil, em 2014, considerando todas as faixas etárias, o meningococo C foi responsável por 70% dos casos da doença; o sorogrupo B, por cerca de 20%; e os 10% restantes foram causados pelos sorogrupos W e Y. Quando observamos a incidência em menores de 2 anos, fica evidente a redução dos casos causados pelo sorogrupo C — graças à vacinação em massa dessa faixa etária na rede pública desde 2010 e a predominância do sorogrupo B.

Transmissão:

O meningococo é transmitido por meio de secreções respiratórias e da saliva, durante contato próximo ou demorado com o portador, especialmente entre pessoas que vivem na mesma casa. Felizmente, essa bactéria não é tão contagiosa como o vírus da gripe, por exemplo, e não há transmissão por contato casual ou breve, ou simplesmente por respirar o ar onde uma pessoa com a doença tenha estado. Já os ambientes com a glomeração de pessoas oferecem maior risco de transmissão e contribuem para desencadear surtos.

Segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), cerca de uma em cada dez pessoas (dependendo da idade, até mais) é portadora do meningococo no nariz ou na garganta, sem apresentar qualquer sintoma.

Certas condições aumentam o risco para a doença meningocócica, tais como a ausência de baço (ou mal funcionamento desse órgão) e determinadas deficiências da imunidade, inclusive causadas por tratamentos imunossupressores. Alguns países, principalmente da África, oferecem alto risco de transmissão do meningococo, sendo importante que viajantes se previnam com vacinas.

A evolução da DM é muito rápida, com o surgimento abrupto de sintomas como febre alta e repentina, intensa dor de cabeça, rigidez do pescoço, vômitos e, em alguns casos, sensibilidade à luz (fotofobia) e confusão mental. A disseminação do meningococo pelos vasos sanguíneos pode produzir manchas vermelhas na pele (petéquias, equimoses) e até necroses que podem levar à amputação do membro acometido. O risco de morte pela doença é alto: 10% a 20%, podendo chegar a 70%, se a infecção for generalizada (meningococcemia). Entre os sobreviventes, cerca de 10% a 20% ficam com sequelas como surdez, cegueira, problemas neurológicos, membros amputados. O tratamento é feito com antibióticos e outras medidas de preservação do equilíbrio do organismo, em Unidade de Terapia Intensiva isolada.

A vacinação é a principal forma de prevenção da doença meningocócica. As vacinas contra os tipos (sorogrupos) A, B, C, W e Y são seguras e com boa eficácia (em média, mais de 95% dos vacinados ficam protegidos). Mas, hoje sabe-se que a proteção gerada pelas vacinas conjugadas (meningocócica C e ACWY) não é para toda a vida. O mesmo acontece com quem teve a doença, ou seja, a quantidade de anticorpos cai ao longo do tempo e o indivíduo deixa de estar protegido, daí a importância das doses de reforço conforme as recomendações das sociedades brasileiras de Imunizações (SBIm) e Pediatria (SBP).

Em 2010, o Ministério da Saúde introduziu a vacina meningocócica C no calendário público (aos 3, 5 e entre 12-15 meses de idade), para crianças de até 2 anos. O resultado dessa ação foi a redução da doença em 70% nessa faixa etária. Em 2017, a faixa etária para atualização da vacinação foi ampliada para até menores de 5 anos de idade. Além disso, foi introduzida mais uma dose de reforço (ou atualização para não vacinados anteriormente) aos 12 e 13 anos de idade

A SBIm e a SBP recomendam preferencialmente a vacina meningocócica conjugada ACWY para crianças aos 3, 5 e 7 meses, e três reforços: entre 12 e 15 meses, entre os 4-6 anos e aos 11 anos de idade. Crianças acima de um ano e adolescentes não vacinados anteriormente também precisam se proteger com duas doses da vacina ACWY e duas da meningocócica B. Apesar de mais raramente, adultos também podem adoecer e, para eles, essas vacinas estão recomendadas em situações de surtos ou viagens a locais de risco para DM.

Vacinas:

  • Meningocócica C conjugada
  • Meningocócica conjugada quadrivalente ACWY
  • Meningocócica B

Responsável por infecções nos pulmões e ouvidos, por meningite e infecções do sangue (bacteremia e sepsis), a doença pneumocócica é prevenível por vacina. Ela é mais comum no inverno e, frequentemente, se associa à gripe, agravando o quadro. A DP é provocada pela bactéria pneumococo (Streptococcus pneumoniae), causa mais comum de doenças graves em crianças menores de 5 anos — posto que era ocupado por outra bactéria, a Haemophilus influenzae tipo b (Hib), fortemente combatida com a vacinação.

Muitas vezes se fala de “doença pneumocócica invasiva”. Isso quer dizer que a bactéria invadiu partes do corpo geralmente livres de microrganismos, como a corrente sanguínea (bacteremia) e os tecidos e fluidos que rodeiam o cérebro e medula espinhal (meningite). Quando isso acontece, é geralmente muito grave, provoca hospitalização e até a morte.

Qualquer pessoa pode ter doença pneumocócica, mas a idade e certas condições clínicas são os principais fatores de risco. Crianças menores de 5 anos (mais ainda as menores de 2 anos), idosos e pessoas com doenças como Aids, anemia falciforme, diabetes; asplenia (por retirada cirúrgica do baço ou por doenças que afetam o funcionamento desse órgão); com doença do coração ou do pulmão, são muito mais propensas a adoecerem de forma grave e até fatal.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a DP é responsável por 15% de todas as mortes de crianças nessa faixa etária em todo o mundo. É também a maior causa de mortalidade infantil por doença prevenível por vacinas. Entre adultos a partir dos 50 anos e, principalmente a partir dos 60 anos de idade, a pneumonia pneumocócica também é uma das principais causas de internação e morte.

Streptococcus pneumoniae é o agente infeccioso que mais comumente causa pneumonia bacteriana em crianças e adultos.

Segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), anualmente, cerca de um milhão de adultos contraem pneumonia pneumocócica e 5% a 7% morrem da doença. Diferente do que acontece em crianças, meningite e septicemia por pneumococo são raras entre adultos, mas, têm uma letalidade de 10% ou mais.

Nos EUA, pneumonia, meningite e septicemia causadas pelo pneumococo matam dezenas de milhares de pessoas anualmente, incluindo 18 mil adultos com 65 anos ou mais.

Em suas piores formas, a doença pneumocócica mata uma em cada quatro ou cinco pessoas acima de 65 anos infectadas pelos pneumococos.

Transmissão:

Ocorre por meio de gotículas de saliva ou secreções. Ambientes fechados ou com aglomeração de pessoas facilitam a disseminação da bactéria.

A forma mais segura e eficiente de prevenir a doença é a vacinação. Existem três vacinas com indicações e esquema de doses bem precisos. A vacinação de rotina está indicada apenas às crianças com até 5 anos e adultos a partir dos 60; mas, pessoas de qualquer idade que apresentem maior risco para a doença pneumocócica também precisam se vacinar.

Diante deste cenário, a vacinação de rotina com a vacina pneumocócica 10-valente, para crianças até 2 anos de idade, foi iniciada pelo Ministério da Saúde (MS) em 2010. Um estudo publicado em 2014 avaliou a situação da meningite pneumocócica antes e logo após (em 2010 e 2011) a introdução da vacina na rotina no estado do Paraná e demonstrou importante redução no número de casos (mais de 50%) e na mortalidade pela doença (quase 90%), entre as crianças vacinadas com pelo menos uma dose da vacina (menores de 2 anos). Isso mostrou que, mesmo com pouco tempo, o resultado da vacinação em massa foi excelente na prevenção desta doença.

Vacinas:

  • Vacina pneumocócica conjugada 13-valente – VPC13
  • Vacina pneumocócica conjugada 10-valente – VPC10
  • Vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente – VPP23

Em áreas urbanas, a febre amarela é transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue. Nas áreas silvestres, o vírus também é encontrado em macacos, seus hospedeiros intermediários — ao picar o animal, o mosquito é contaminado e passa a infectar humanos.

Apesar de a maior parte do Brasil ser considerada de risco e com indicação de vacinação rotineira, a transmissão urbana da febre amarela desapareceu em 1942. Desde então, todos os casos da doença são de pessoas infectadas em zonas rurais e de matas.

Entre 2000 e 2008 ocorreram surtos de febre amarela e observou-se uma expansão da circulação do vírus em áreas rurais de vários estados, o que apontou para a necessidade de vigilância constante e revisão das medidas de controle e prevenção. Então, o Ministério da Saúde redefiniu o país em duas áreas: com recomendação de vacina e sem recomendação de vacina. Na prática, isso significa que todas as pessoas que vivem nas áreas com recomendação devem ser vacinadas a partir dos 9 meses de vida. O mesmo vale para os viajantes que se deslocam para essas áreas.

Em 2017, como estratégia para frear um grande surto de febre amarela silvestre, a vacinação passou a ser recomendada em todo o estado do Rio de Janeiro. Além disso, foram estipuladas áreas com recomendação temporária de vacinação em municípios do Espírito Santo e da Bahia. Com isto, das 27 unidades da federação, apenas seis (AL, CE, PB, PE, RN, SE) continuam sem municípios na lista de recomendação.

Vacina:

Febre amarela

São inúmeras as infecções causadas por água e alimentos contaminados. A febre tifoide está entre elas e pode ser evitada com vacina. Ocorrências dessa natureza são facilitadas por um sistema sanitário deficiente, más condições de higiene e baixa condição socioeconômica. Pode acontecer em qualquer lugar do mundo, mas é mais frequente em países do sudeste asiático e África.

Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicadas em 2014, contabilizaram 21 milhões de casos e 222 mil mortes no mundo decorrentes da febre tifoide. No Brasil, ainda se observam alguns registros. Normalmente são surtos isolados nas regiões Norte e Nordeste. Entre 2000 e 2015, o Ministério da Saúde (MS) contabilizou 5.503 casos confirmados, dos quais apenas 53 ocorreram em 2015 — o que demonstra que as ocorrências vêm se tornando cada vez menos comuns.

A doença se caracteriza por febre prolongada, dor de cabeça, náuseas, perda de apetite, constipação intestinal ou diarreia. A maior parte dos casos evolui bem.

Transmissão:

A doença é causada pela bactéria Salmonella typhi, transmitida geralmente pela ingestão de alimentos ou água contaminados.

O tratamento requer uso de antibiótico. Algumas pessoas, mesmo quando tratadas adequadamente, podem tornar-se portadoras crônicas da bactéria alojada na vesícula biliar, onde permanece por muito tempo sendo eliminada periodicamente, o que contribui para infectar outras pessoas.

O Brasil dispõe de vacina para febre tifoide, mas ela não é recomendada de rotina. Sua indicação deve ser considerada para viajantes que se dirigem às áreas de risco e lá permanecerão por tempo prolongado.

Vacina:

Febre tifoide

A influenza, ou gripe, como é comumente chamada, é prevenível por vacina. Ela ocorre todos os anos e está entre as viroses mais frequentes em todo o mundo. Costuma causar complicações principalmente em crianças pequenas, idosos, gestantes e pessoas com comprometimento da saúde (portadores de doença respiratória ou cardíaca, obesidade, diabetes, trissomias, deficiência da imunidade, entre outras).

Estima-se que todos os anos a gripe causada pelo vírus influenza atinja de 5%-10% dos adultos e de 20%-30% das crianças em todo o mundo. A infecção pode acarretar hospitalização e morte, principalmente entre os grupos de maior risco (os muito jovens, idosos ou doentes crônicos). Acredita-se que todas as epidemias anuais de gripe comum resultem em aproximadamente 3 a 5 milhões de casos de doenças graves e na morte de cerca de 250 mil a 500 mil pessoas.

A prevenção evita que você adoeça e também que transmita o vírus influenza, e isso aumenta a proteção para todos. A complicação mais frequente e também a principal causa de morte em decorrência da gripe é a pneumonia, na maior parte das vezes causada pela bactéria pneumococo.

A gripe tem início súbito. Sintomas como febre, calafrios, tremores, dor de cabeça, dores no corpo, perda de apetite, tosse (em geral seca), dor de garganta e coriza duram cerca de uma semana.

Transmissão:

Aaaaatchim… Pronto! Lá se vão cerca de 40 mil gotículas de saliva no ar durante um simples espirro. Com elas seguem também os vírus da gripe. Dessa forma eles “viajam” por aí, se “acomodam” nas superfícies de objetos e passam de uma pessoa para outra quando atingem as mucosas de boca, nariz e olhos.

A gripe é causada por mais de um tipo de vírus influenza, classificados como A e B, e cada um possui subtipos. Os associados ao tipo A recebem nomes como, por exemplo, A(H1N1), A(H3N2) e A(H7N9), sendo os dois primeiros os que circulam entre humanos atualmente. Já os vírus tipo B são classificados como de linhagem Victoria e linhagem Yamagata.

Os vírus influenza A também infectam aves, cavalos, porcos, focas, baleias e estão sempre dando um jeito de se modificar, ainda que bem pouquinho, só para enganar os anticorpos — agentes responsáveis pela defesa do organismo. Quando o vírus influenza de um animal se “mistura” com de um humano, origina-se um novo tipo de vírus. Foi o que possibilitou a pandemia de “gripe suína”, causada pelo vírus A(H1N1).

Essa capacidade de produzir novos tipos faz com que seja necessária uma vigilância contínua em todo o mundo, realizada por centros coordenados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A partir dessas informações é definida, anualmente, a composição das vacinas que serão indicadas a quem vive no hemisfério Sul ou no hemisfério Norte. Isso torna necessária a vacinação anual a melhor forma de prevenir contra a gripe.

Vacinas:

  • Vacina influenza trivalente
  • Vacina influenza quadrivalente

Antes da era da vacinação contra o Hib, essa bactéria era grande causa de doença grave em menores de 5 anos. No final dos anos 1980, ela foi a principal causa de meningite bacteriana nessa faixa etária, acometendo uma em cada 200 crianças. Entre as que adoeciam, 5% morriam e 25% sofriam danos cerebrais permanentes.

A partir do início dos anos 1990, a quantidade de casos caiu muito, praticamente desaparecendo em países que, como o Brasil, conseguiram vacinar praticamente todas as crianças a partir de 2 meses de vida.

Infelizmente, nos países mais pobres, onde não há vacinação em massa, a doença ainda ocorre ̶ em 2008 foram registradas cerca de 199 mil mortes de crianças com menos de 5 anos.

Transmissão:

A bactéria Haemophilus influenzae tipo b vive na garganta das pessoas e, mesmo sem causar doença no portador, pode ser transmitida por via respiratória (gotículas de saliva e secreções), por meio de tosse, espirros e respiração.

Em pessoas não imunizadas, o Hib pode entrar na corrente sanguínea e disseminar-se pelo organismo, causando meningite, pneumonia, inflamação da garganta, otite, artrite, infecção da membrana que recobre o coração, infecção dos ossos, entre outros problemas sérios.

A melhor forma de proteção é a vacinação, recomendada para todas as crianças a partir dos 2 meses. Crianças mais velhas e adultos saudáveis não precisam ser vacinados, pois a doença torna-se cada vez mais rara a partir de 5 anos. No entanto, pessoas com algumas doenças que comprometem a imunidade ou a função do baço (órgão que tem papel fundamental na proteção contra essa bactéria), ou aquelas que tenham retirado cirurgicamente esse órgão, precisam ser vacinadas, em qualquer idade, se não tiverem recebido a vacina durante a infância.

Vacinas:

  • Hib
  • DTPw-HB/Hib (tríplice bacteriana de células inteiras combinada às vacinas hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPw (tríplice bacteriana de células inteiras)
  • DTPa-VIP/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas poliomielite inativada e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPa-VIP-HB/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas poliomielite inativada, hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b)

A inflamação no fígado causada pelo vírus da hepatite A pode provocar febre, perda de apetite, cansaço, dor na barriga, enjoo, vômito e pele ou olhos amarelados (icterícia), mas em menores de 5 anos a doença pode ser assintomática. Mas todos os infectados transmitem o vírus por muito tempo, e sua eliminação pelas fezes pode contaminar objetos, água, alimentos e infectar outras pessoas.

Apesar de ter uma duração longa (até 2 meses, em alguns casos), a hepatite A geralmente resulta em cura, mas uma minoria de pessoas evolui para falência do fígado (insuficiência hepática), o que faz com que o órgão simplesmente pare de funcionar corretamente, levando à necessidade de transplante.

Transmissão:

Água poluída por esgoto, alimentos mal lavados ou cozidos são as principais fontes de contágio.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), entre 1999 a 2015 foram confirmados 161.605 casos de hepatite A. As regiões Nordeste e Norte foram responsáveis por 56,7% dos casos; a Sudeste, por 16,3% dos casos; a Sul, por 15,5% dos casos e a Centro-Oeste, por 11,4% dos casos. Entre 2000 e 2014, ocorreram 1.022 mortes relacionadas à hepatite A.

Quem teve hepatite A fica protegido para o resto da vida. Mas, melhor ainda é se vacinar e, assim, também ficar protegido de forma duradoura, mas sem adoecer.

Vacinas:

  • Hepatite A
  • Hepatite A e B

O vírus da hepatite B causa inflamação no fígado. Na maioria das vezes é assintomática e será descoberta apenas quando surgirem as complicações ou quando feita investigação por meio de exame de sangue específico. Quando é sintomática, costuma causar dores musculares e de barriga, diarreia, vômitos, cansaço, perda de apetite e pele ou olhos amarelados (icterícia). Algumas pessoas tornam-se portadoras crônicas do vírus da hepatite B, e, nesses casos, além de poderem transmitir a doença, a inflamação do fígado pode evoluir para cirrose — com destruição progressiva do tecido normal do fígado — ou câncer. A hepatite B e suas complicações são preveníveis por vacina.

O risco de cronificação da hepatite B é maior quanto mais jovem for a pessoa. É o que ocorre com nove entre dez recém-nascidos infectados por suas mães no momento do parto. Por isso, os bebês devem ser vacinados nas primeiras horas após o nascimento. Esta é a melhor forma de assegurar que não pegarão a doença, mesmo que tenham sido expostos ao vírus, porque conseguirão produzir anticorpos antes que o invasor prolifere.

Transmissão:

O vírus é encontrado em líquidos corporais, como o sangue, a saliva, as secreções da vagina e o sêmen. As formas mais comuns de contágio são: relação sexual sem proteção, compartilhamento de objetos contaminados por sangue (como em procedimentos dentários e médicos, na manicure ou podólogo, na realização de tatuagens ou colocações de piercings), no compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas, como no caso do uso de drogas. A transmissão também pode acontecer da mãe para seu bebê durante a gestação, no momento do parto ou pela amamentação. O vírus também pode ser transmitido por transfusão com sangue ou derivados contaminados, mas essas formas são mais raras atualmente, devido ao maior ao controle de qualidade.

Segundo o Ministério da Saúde (MS), entre 1999 a 2011 foram confirmados 120.343 casos de hepatite B no Brasil, sendo a maior parte nas regiões Sudeste (36,3%) e Sul (31,6%). Desses, 78,3% evoluíram para a forma crônica da doença.

Evitar a hepatite B é fácil: basta tomar três doses da vacina; sempre usar camisinha em qualquer relação sexual; não compartilhar objetos pessoais como lâminas de barbear, escovas de dentes, material de manicure; não usar drogas injetáveis e tomar cuidado com equipamentos usados na aplicação de tatuagem e piercings. Toda gestante deve ser vacinada. Também é importante verificar a presença da infecção pelo vírus da hepatite B, pois nesse caso, tratamentos podem estar indicados, assim como cuidados adicionais com o bebê.

Vacinas:

  • Hepatite B
  • Hepatite A e B
  • DTPa-VIP-HB/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas poliomielite inativada, Haemophlilus influenzae tipo b e hepatite B)
  • DTPw-HB/Hib (tríplice bacteriana de células inteiras combinada às vacinas Haemophlilus influenzaetipo b e hepatite B)

Conhecido como cobreiro, esse vírus causa lesões em regiões delimitadas da pele, mais comumente no tronco. Pode ser brando, discreto e não progressivo ou bastante grave, atingindo órgãos importantes como os olhos. O mais incômodo é a dor que provoca. Difícil de controlar, ela pode durar até muitos meses depois que as lesões de pele desaparecem, atrapalhando muito a vida. O herpes zóster pode ser evitado com vacina.

Transmissão:

É provável que você não saiba, mas o herpes zóster é decorrente da reativação do vírus da catapora, que permanece durante anos latente nos gânglios do sistema nervoso. Ele é reativado quando a nossa imunidade cai, o que acontece, principalmente após os 60 anos, em decorrência do processo natural de envelhecimento do sistema imunológico, ou em pessoas com comprometimento do sistema imune, com doenças crônicas, neoplasias, Aids, e outras, ou submetidas a tratamentos imunossupressores (como quimioterapia, por exemplo). O herpes zóster pode acontecer mais de uma vez ao longo da vida.

Por algum motivo, após a reativação, os vírus da varicela se deslocam pelos nervos periféricos até alcançarem uma região da pele, causando a característica erupção do herpes zóster, na forma de vesículas. Quando geram dano permanente no nervo produzem dor crônica.

O Centro de Controle e Prevenção de Doença dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) afirma que uma em cada três pessoas desenvolverão herpes zóster em algum momento da vida. Esse órgão também estima em cerca de 1 milhão o número de casos registrados no país todos os anos.

A vacina herpes zóster tem eficácia de cerca de 60% contra o surgimento da doença, e o mais importante: previne mais de 70% da dor crônica.

Vacina:

Herpes zóster

Imagine um vírus tão comum, mas tão comum que quase todos os homens e mulheres serão infectados por um ou mais de seus inúmeros tipos. Assim é o papilomavírus humano (HPV), que causa verrugas genitais (ou condilomas) e também câncer. Essas doenças podem ser evitadas com vacinas.

Para você ter uma ideia, de 12,7 milhões de novos casos de câncer em homens e mulheres, reportados anualmente em todo mundo, 610 mil têm como causa alguns tipos de HPV, informa estudo divulgado em 2012 pela respeitada publicação Lancet Oncology, do Reino Unido. Os pesquisadores também apontam que 10% de todos os casos de câncer em mulheres estão igualmente associados a esses vírus. Já em homens, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC na sigla em inglês) afirma que esse vírus responde por cerca de 5% de todos os casos. Ainda segundo o CDC, o HPV está relacionado com 99% dos cânceres de colo do útero; com 90% dos de ânus; 70% dos de boca; e 40% dos cânceres de pênis.

Quanto à incidência de alguns desses tipos de câncer no Brasil, levantamentos do Instituto Nacional do Câncer (Inca), realizados em 2014, estimam em quase 15 mil o número de novos casos de câncer de colo do útero a cada ano, e em mais de 9 mil o de câncer de boca, a maior parte em homens — cerca de 70%. Quanto ao câncer de ânus, em 2009 o instituto somou 539 novos casos em homens e 1.078 em mulheres.

Transmissão:

Os vírus HPV são encontrados na região da vagina, ânus, pênis, bolsa escrotal e mãos. A transmissão se dá pelo contato da pele ou mucosa com a área infectada, o que é mais frequente durante a prática do sexo, mesmo sem penetração.

Na maioria das vezes, os sintomas podem nunca aparecer ou só surgir meses ou anos após a infecção, e isso torna difícil saber quando ela aconteceu. No entanto, um percentual pequeno de pessoas vai adoecer. Como a infecção é muito frequente, esse pequeno percentual representa muita gente. As consequências podem ser o surgimento das verrugas genitais ou o câncer, dependendo do tipo de HPV envolvido. Os mais associados às verrugas genitais são os tipos 6 e 11 (presentes em 90% dos casos). Já os que mais causam câncer de colo do útero são o 16 e o 18, responsáveis por cerca de 70% das ocorrências.

A prevenção das doenças causadas pelos HPVs depende essencialmente da vacinação e da realização periódica de exames preventivos. O uso do preservativo (camisinha) ajuda, mas não é 100% eficaz. A vacinação é recomendada para homens e mulheres a partir dos 9 anos de idade, fase em que a resposta às vacinas é muito mais alta e quando ainda não houve contato com o vírus. Mas as pessoas mais velhas e/ou que já foram infectadas também se beneficiam, uma vez que as vacinas contêm mais de um tipo de HPV em sua formulação.

Vacinas:

  • Vacina HPV2
  • Vacina HPV4

Você já deve ter ouvido falar em poliomielite, pólio ou simplesmente paralisia infantil, mas possivelmente não conhece ninguém que tenha tido a doença nos últimos 30 anos. Isso se deve exclusivamente à vacinação, mas não foi sempre assim.

Até a década de 1950, a poliomielite causava verdadeiro pânico no mundo inteiro, tudo por conta de consequências tão graves quanto a paralisia ou a incapacidade de respirar sem a ajuda de aparelhos. E eram milhares de pessoas.

No Brasil, as campanhas anuais de vacinação e as rigorosas medidas de vigilância epidemiológica reduziram progressivamente o número de casos da doença — o último registro foi em 1989. Por conta desse esforço, adotado também por outros países, em 1994 a Opas (Organização Pan-americana de Saúde) declarou a erradicação nas Américas do vírus selvagem da poliomielite.

Como nem todos os continentes conquistaram esse status, de 2004 a 2014 ocorreram surtos em Moçambique, Miamar, Indonésia, China, Paquistão, Nigéria, Camarões, Níger, Chade, Afeganistão, Somália, Quênia, Congo, Yêmen, Índia, Etiópia, Madagascar e Camboja. Além desse fator, existe também a ocorrência de casos de poliomielite provocados pelo vírus da vacina oral (Sabin) em países com baixas coberturas vacinais.

Para entender essa questão, é preciso saber que o vírus da vacina oral é vivo e enfraquecido, de modo que normalmente prolifera no intestino da pessoa vacinada sem causar doença, protegendo-a e sendo eliminado pelas fezes. No entanto, podem ocorrer duas outras situações, extremamente raras: por algum motivo, a pessoa vacinada pode desenvolver poliomielite pelo próprio vírus vacinal ou o vírus vacinal pode sofrer mutações dentro do organismo da pessoa vacinada, tornando-se capaz de causar doença, sendo eliminado pelas fezes e infectando pessoas que não estão vacinadas e adoecem por causa deste vírus “mutante”. A solução passa por manter alta cobertura vacinal e a vacinação com a vacina inativada poliomielite, pelo menos para as duas primeiras doses. Viajantes que se dirigem para países com risco de transmissão devem atualizar sua vacinação.

Transmissão:

Contato direto entre pessoas; por via fecal-oral; por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou de portadores do vírus. Também pode ser transmitida por meio de gotículas de secreções da garganta durante a fala, tosse ou espirro.

Vacinas:

  • VOP – vacina oral poliomielite
  • VIP – vacina inativada poliomielite
  • DTPa-VIP/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas poliomielite inativada e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPa-VIP-HB/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas poliomielite inativada, hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • dTpa-VIP (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto combinada à vacina poliomielite inativada)

A raiva é uma zoonose, tipo de virose que acomete humanos e animais e que pode ser evitada com vacina. É causada por vírus do gênero Lyssavirus, que tem preferência pelo tecido nervoso e provoca encefalite — inflamação aguda e fatal do cérebro. Ele pode ficar incubado por dias e até anos, mas quando se manifesta, passa rapidamente de sintomas iniciais inespecíficos, como febre, mal-estar, mialgia e prostração, para uma fase neurológica grave, com paralisias, espasmos nos músculos da deglutição e hidrofobia (medo de água). Também podem ocorrer delírio, convulsões, coma e óbito. Quando transmitida por morcegos a evolução pode ser mais lenta. A literatura médica registra apenas alguns casos de sobrevivência, todos com graves sequelas.

A raiva só não é encontrada na Antártida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) registra mais de 50 mil mortes por ano em função da doença, a maioria em crianças asiáticas e africanas com menos de 15 anos. No Brasil, ela ocorre em todo o país, mas a chamada raiva urbana, transmitida principalmente por cães domésticos, está praticamente controlada graças à vacinação anual dos animais domésticos.

Em 2016, o Ministério da Saúde (MS) contabilizou dois casos de raiva humana, 11 em cães, 19 em canídeos silvestres, 8 em felinos, 104 em morcegos, 234 em bovinos, 49 em cavalos e 19 em suínos, caprinos, ovinos e outros herbívoros. Por ano são registrados cerca de 600 mil atendimentos médicos devido a acidentes com animais, resultando cerca de 400 mil esquemas de vacinação de bloqueio.

Transmissão:

Quase sempre a raiva é transmitida pela mordida de animais infectados, principalmente de cães e morcegos, mas pode ser também por lambeduras, transmissão pelo ar em cavernas onde vivem morcegos e por meio de transplante de órgãos de doadores com o vírus.

A prevenção é feita com a vacinação dos animais (domésticos e de criação agropecuária), vigilância de casos em animais silvestres e vacinação humana. Para as pessoas, a vacinação pode ser dividida em “pré-exposicão” (recomendada para veterinários, exploradores de cavernas, viajantes para áreas de risco e outros) e “pós-exposição” (recomendada quando a pessoa sofre mordida, arranhão ou lambida de animal, com ou sem suspeita de raiva). Em casos muito sérios de acidente com animais com grande risco para raiva, se o ferimento for muito grande ou em local de muita inervação, ou quando há certeza de que o animal tem raiva, além da vacina é preciso usar imunoglobulina ou soro (anticorpos prontos).

Vacina:

Raiva

O rotavírus é causa de gastrenterite grave (diarreia e vômitos) em todo o mundo, principalmente em crianças com menos de 5 anos. Em 2008, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou cerca de 450 mil mortes nesta faixa etária. Por essa razão, a OMS recomendou a adoção das vacinas contra o rotavírus pelos programas nacionais de imunização.

O excelente resultado da vacinação de rotina contra o rotavírus foi demonstrado em vários países. O Ministério da Saúde brasileiro incluiu a vacina no Programa Nacional de Imunizações em 2006. Logo após, entre 2007 e 2009, observou que foram evitadas 1.500 mortes e 130 mil hospitalizações relacionadas às diarreias, dados coletados a partir dos registros de atendimento médico.

Transmissão:

Ocorre pela eliminação dos vírus pelas fezes, contaminando o meio ambiente. Uma pequena quantidade deles é suficiente para causar infecção, razão pela qual são frequentes os surtos em ambientes com muitas crianças, como creches e escolas. A eliminação viral muitas vezes continua por dias, mesmo depois de a criança já ter melhorado e estar sem sintomas.

Vacinas:

  • Vacina rotavírus monovalente
  • Vacina rotavírus pentavalente

Esta é mais uma doença em que fica muito evidente o impacto da proteção individual sobre a saúde e bem-estar da coletividade, deixando muito claro o importante gesto de responsabilidade coletiva implícito na vacinação.

Um número grande de pessoas infectadas pelo Rubella virus não apresenta sintomas ou apresenta forma muito leve da doença, até difícil de ser diagnosticada. O quadro clássico caracteriza-se pela presença de inchaço dos gânglios atrás do pescoço, febre não muito alta, manchas avermelhadas pelo corpo e, ocasionalmente, dores nas articulações.

Contudo, mesmo as pessoas assintomáticas transmitem o vírus. Se a nova pessoa infectada for mulher grávida pode sofrer aborto ou dar à luz um bebê com deficiência auditiva e/ou visual, lesão no coração, malformações no cérebro e deficiência mental. Essa é a Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) e a chance de ela ocorrer é de até 80%, dependendo da fase da gravidez em que a gestante for infectada!

Transmissão:

A transmissão do Rubella virus se dá por meio da aspiração de gotículas de saliva e/ou secreção nasal.

Para prevenir a infecção, a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) foi gradativamente implantada na rotina infantil entre 1992 e 2000, e desde 1998 também são realizadas campanhas públicas de vacinação para mulheres em idade fértil e homens. Como resultado dessa estratégia, desde 2010 não foram confirmados mais casos de rubéola no Brasil. Em 2015, a Organização Pan-americana de Saúde (Opas) declarou a erradicação da doença e da SRC nas Américas.

Para manter esse status é preciso continuar atento à vacinação. Ela é segura e produz imunidade permanente.

Vacinas:

  • Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
  • Quádrupla viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)

Essa é mais uma doença viral que se manifesta de forma aguda, produzindo alterações na pele. É extremamente contagiosa e grave e pode ser evitada por vacina. Entre as principais complicações, principalmente em menores de 2 anos a adultos jovens, estão as infecções respiratórias, a otite, as doenças diarreicas e neurológicas (encefalite). Estudo publicado na revista Science, em maio de 2015, informa que o sarampo pode afetar o sistema imunológico por até três anos, expondo os sobreviventes a um maior risco de contrair outras doenças infecciosas e potencialmente mortais.

Ao se espalhar pelo organismo, o vírus do sarampo é capaz de causar inflamação dos pequenos vasos sanguíneos (vasculite) e diversos sintomas como febre alta (acima de 38,5°C), manchas vermelhas por todo o corpo, tosse, secreção nasal intensa, conjuntivite e pequenos pontos brancos na mucosa da boca (manchas de Koplik), característicos da doença.

O sarampo é registrado em todo o mundo, principalmente entre o final do inverno e o início da primavera. A transmissão parece aumentar depois de estações chuvosas, em países tropicais como o Brasil.

Os maiores registros de casos anuais, com epidemias a cada dois ou três anos, com potencial de afetar pessoas de todas as idades, ocorrem nos países em que a vacinação não atinge a maior parte da população. Naqueles que conseguem manter altos níveis de cobertura vacinal, o número de casos tem caído muito, e ocorrem apenas pequenos surtos a cada cinco/sete anos.

Transmissão:

Ocorre diretamente de uma pessoa para outra, por meio das secreções do nariz e da boca expelidas ao tossir, respirar ou falar.

Para que seja possível interromper a transmissão do sarampo é preciso que 95% da população esteja vacinada. Portanto, todas as crianças, adolescentes e adultos devem verificar se estão com suas doses de vacina em dia.

Vacinas:

  • Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
  • Quádrupla viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)

O ferimento produzido por uma lâmina enferrujada, por exemplo, pode significar apenas um contratempo se você estiver com a vacina tétano em dia. Do contrário, pode ser o início de preocupações bem maiores.

O nome tétano vem do grego antigo e significa “contrair e relaxar”, uma referência às contraturas musculares generalizadas, provocadas quando os esporos da bactéria Clostridium tetani atingem o sistema nervoso. Em condições propícias, esses esporos multiplicam-se e passam a produzir exotoxinas que são disseminadas no organismo. A doença é extremamente grave e oferece alto risco de morte.

Graças à vacinação, o tétano acidental é bastante raro no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), os últimos registros foram em lavradores e outros trabalhadores não vacinados, em zonas rurais com situação sanitária precária. Em 2016, foram registrados 242 casos, com 79 mortes, e apenas um caso de tétano neonatal.

Transmissão:

O tétano não é transmissível de uma pessoa para a outra. A doença é adquirida de duas formas:

  • Tétano acidental: decorre da contaminação de ferimentos externos — geralmente perfurações — contaminados com terra, poeira, fezes de animais ou humanas.
  • Tétano neonatal: adquirido pelo bebê seja na hora do corte do cordão umbilical, devido ao uso de instrumentos contaminados, ou durante o tratamento do coto do umbigo, pela aplicação de substâncias infectadas.

Vacinas:

As vacinas são a única medida de prevenção e estão indicadas a partir dos 2 meses de vida, com reforço a cada a cada dez anos, inclusive para adolescentes, adultos e idosos. Para prevenção do tétano neonatal é imprescindível que a gestante tenha recebido a última dose da vacina há menos de cinco anos. As vacinas disponíveis são:

  • DTPw-HB/Hib (tríplice bacteriana de células inteiras combinada às vacinas hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPw (tríplice bacteriana de células inteiras)
  • DTPa-VIP/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas inativada poliomielite e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPa-VIP-HB/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas inativada poliomielite, hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPa (tríplice bacteriana acelular)
  • dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto)
  • dTpa-VIP (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto combinada à vacina inativada poliomielite)
  • DT – dupla bacteriana infantil
  • dT – dupla bacteriana do tipo adulto

O que a escritora inglesa Emily Brontë (autora de O morro dos ventos uivantes) e o brasileiro Castro Alves (o “poeta dos escravos”) tinham em comum? Além do talento para a literatura, ambos foram jovens vítimas da tuberculose. Essa doença bacteriana que hoje pode ser evitada por vacina, era uma “praga” no século XIX e, infelizmente, continua a assombrar no século XXI.

A tuberculose é a enfermidade infecciosa que mais mata no planeta e a terceira no Brasil. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que houve em 2015 aproximadamente 10,4 milhões de casos e 1,4 milhão de óbitos. Quase 90% dos registros se concentram em 30 países, entre os quais o Brasil, que ocupa o 20º lugar no ranking da doença. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), foram registrados 68 mil novos episódios e 4,5 mil mortes em 2015. Apesar de ainda elevados, os números vêm caindo progressivamente nos últimos anos.

Causada pelo Mycobacterium tuberculosis, a doença não afeta apenas os pulmões, mas também ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro). Os sintomas da tuberculose ativa do pulmão são tosse, às vezes com expectoração e sangue, falta de ar, dores no peito, fraqueza, perda de peso, febre e suores, principalmente ao final do dia. Pessoas saudáveis e infectadas podem não apresentar sintomas, mesmo assim transmitem a bactéria.

A tuberculose tem cura. O tratamento gratuito é feito com uma combinação de medicamentos e dura meses, mas promove melhora rápida. Por conta disso, muitos pacientes negligenciam a medicação, o que contribui para o surgimento de formas mais resistentes.

Transmissão:

De uma pessoa para a outra através de gotículas de saliva da garganta. O compartilhamento de objetos não oferece risco. Pessoas com sistema imunológico comprometido têm mais chance de desenvolver a doença, em especial de forma grave e generalizada.

Para prevenir, principalmente as formas graves (meningite tuberculosa e tuberculose disseminada), é necessário vacinar todas as crianças a partir do nascimento até 4 anos de idade.

Vacina:

BCG

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