O tema da Campanha desse ano traz uma perspectiva bastante inclusiva, onde defende a garantia que todas as mães devem ter a oportunidade de amamentar seu bebê, trazendo para o debate a conscientização sobre a desigualdade e lacunas existentes no apoio, estímulo e colaboração ao aleitamento materno, principalmente aos grupos de mulheres em situações especiais e com maior vulnerabilidade.
Baseada na percepção atual das ocorrências críticas, que têm acometido o planeta, com situações de emergência, calamidades públicas e desastre naturais decorrentes das grandes alterações climáticas, a campanha traz para o contexto a importância da AMAMENTAÇÃO como uma ferramenta importantíssima na sobrevivência das crianças e sustentabilidade da segurança alimentar e nutricional, garantido ao mesmo tempo sua hidratação, principalmente aquelas abaixo de 2 anos e amenizando consequências do estresse tóxico através dos vínculos estabelecidos pelos laços psicoafetivos da mãe com seu bebê, diminuindo o impacto na saúde mental dessas crianças.
A Sociedade Brasileira de Pediatria cumpre o compromisso de apoiar e manter todas as ações que já são executadas pelo MS estimulando suas Filadas a trabalharem com essas estratégias para que possamos melhorar nossos indicadores da amamentação, defendendo que já deve ser incentivada no pré-natal, na hora do parto através do contato pele a pele e da mamada na primeira hora de vida. Os estudos evidenciam que a realização dessas práticas são contribuem com 60% da saída dos bebês da maternidade em aleitamento materno exclusivo e perdurando até os 6 meses de idade.
A AMAMENTAÇÃO é mais que uma campanha, é uma estratégia de saúde pública, onde podemos diminuir em até 13% a mortalidade infantil por causas evitáveis, como a desnutrição, as diarreias, infecções respiratórias, doenças crônicas, como também diminui o risco das alergias, entre tantos outros benefícios. Também diminui a mortalidade materna, protege contra o câncer de mama, ovário e pode ser utilizada como método contraceptivo. Diminui a pobreza, melhora a expectativa de vida com maior qualidade alimentar.
Estudo realizado aqui no Brasil, mostrou a possibilidade de ascensão profissional pelo aumento do QI dessas crianças que foram amamentadas exclusivamente até aos 6 meses de idade e que se tornaram adultos mais saudáveis. A amamentação também traz benefícios para o planeta reduzindo impactos ambientais que são necessários para a fabricação de fórmulas infantis, consequentemente toda a sociedade será beneficiada.
A OMS estima que em 2100 teremos mais de 25 milhões de pessoas centenárias, mas que essa longevidade seja com pessoas saudáveis e com boa qualidade de vida. A amamentação está inclusa nessa estratégia.
O objetivo da OMS é chegar em 2050 c0m 70% das crianças amamentadas até 6 meses de idade.
Em diversos países a grande maioria das mulheres desejam amamentar e não conseguem. Quanto mais pobre e com menos escolaridade, menos acesso a informação de qualidade com menos probabilidade de atingirem seus objetivos. A desigualdade na prestação de serviços de alto padrão para todas as mães que amamentam é um dos fatores que afetam negativamente amamentação.
Falta uma política nacional sobre a alimentação de bebês e crianças pequenas, principalmente para aquelas famílias com maior vulnerabilidade socioeconômica, em situações de emergências, calamidades públicas ou catástrofes naturais, colocando em risco sua segurança alimentar, onde muitas vezes, ocorre a substituição do leite materno pelas fórmulas infantis ou outros alimentos não recomendados.
A SMAM de 2024 mostrará que é possível estimular e realizar a amamentação em todas as situações, seja no contexto de tragédias ambientais, mulheres em situações especiais, como privadas de liberdade, moradoras de ruas, com deficiências físicas ou mentais, imigrantes, ou em situações cotidianas em que elas se sintam inibidas ou envergonhadas de amamentar sua criança. Importante engajamento de todos os seguimentos da sociedade para e sensibilidade dos gestores para “apoiar a amamentação em todas as situações”.
Tudo isso em prol da sobrevivência saudável de nossas crianças, assegurando um futuro melhor e com mais qualidade de vida.
Maria do Socorro F. Martins
Presidente da Sociedade Paraibana de Pediatria