“Uma criança sem disciplina é uma criança que não se sente amada”. Essa frase dita por uma importante pesquisadora do desenvolvimento infantil resume de uma forma definitiva a importância da disciplina na vida das crianças. Dizer não para as crianças é parte desse processo de disciplina. Isso exige paciência e continuidade. Não podemos imaginar que vamos conseguir oferecer padrões consistentes de disciplina se houver uma grande diversidade de comandos para a mesma situação. A criança sempre vai atender àquele comando que seja o mais agradável para ela, mas quando a situação ocorrer novamente, ela não saberá se aquilo é certo ou errado. Isso é o que nós chamamos de “dupla mensagem”, é quando cada um dos pais ou cuidadores dão ordens diferentes para a mesma situação: um diz que sim, e outro diz que não!
Não existe idade para começar a disciplinar as crianças, porque disciplina não é castigo, e sim ensinamento. Cada etapa do desenvolvimento exige um conhecimento daquilo que a criança pode ou não fazer. Quando um bebê engatinha na direção de uma mesa de vidro, ou para a sacada, ou para a cozinha, e olha para traz buscando o rosto da mãe ou do pai, ela sabe que de lá virá o comando de que aquilo não é permitido.
Dizer “nãos”pode ser uma tarefa difícil para os pais. Muitas vezes eles têm dúvidas e ao restringir os movimentos e atitudes de uma criança pequena não estarão criando um modelo muito restritivo, fazendo com que ela perca sua espontaneidade e criatividade. Na verdade a escolha do que a criança não pode fazer deve ser bem decidida entre os pais, pois a negativa para qualquer coisa sem uma consistência e uma motivação real pode transformar o relacionamento em um modelo inadequado. Os filhos não devem e não podem ter medo dos pais! Esse sentimento provoca afastamento e desconfiança, e leva os filhos muitas vezes a buscar em outras pessoas o modelo correto. O não deve SEMPRE vir acompanhado da tranquilidade e certeza de que aquela negativa não representa falta de amor e afeto. Muitas vezes dizer: “eu gosto muito de você, mas o que você está fazendo está errado e eu reprovo!”, garante para a criança pequena a certeza de que a negação das suas vontades não está vinculada com nenhuma perda de amor dos pais. A segurança e a convicção dos pais gera um sentimento de tranquilidade para a criança, ele sabe que tem alguém no controle. Ao contrário, quando a negativa vem acompanhada de insegurança e culpa, não consegue oferecer a disciplina, além de causar muitas dificuldades no relacionamento dos pais com a criança, e mesmo entre o casal.
Disciplina oferecida de forma correta, firme e carinhosa fornece a base para que a criança tenha um desenvolvimento adequado e uma vida adulta saudável, com competência social.
Fonte: Conversando com o Pediatra