Médicos recomendam vacinação contra a Febre Amarela mesmo para moradores de estados sem casos

O Brasil vive o pior surto de febre amarela desde 1980, quando os dados da doença começaram a ser registrados pelo Ministério da Saúde. Até agora, foram confirmados 88 casos, com 43 mortes. Minas Gerais concentra quase a totalidade dos registros: 84 confirmações, com 40 óbitos – os demais casos são de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Uma vez que a febre amarela vem se alastrando, estão sendo lançados alertas para reforçar a importância da vacinação contra a doença, que é transmitida em área urbana pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo que causa a dengue, a febre chikungunya e o zika vírus e, na zona rural, pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes.

As medidas de prevenção são as mesmas utilizadas para se proteger das outras doenças causadas pelo Aedes aegypti: uso de repelente e de roupas que cubram o corpo, evitar áreas de circulação do mosquito e evitar que o inseto se propague. No entanto, a melhor maneira de evitar a contaminação é se vacinar. Nos locais de risco, a recomendação da vacina já existe e está inclusa no calendário de rotina. A primeira dose costuma ser feita aos nove meses de idade, e a segunda, antes de a criança completar cinco anos. “Quem por acaso já tiver mais de cinco anos e não tiver tomado a segunda dose, deve tomá-la e, dez anos depois, fazer uma dose de reforço”, explica o infectologista Paulo Ernesto Gewehr.
Caso a pessoa não se lembre ou não possua registro da imunização, é ideal que a repita. É preciso respeitar algumas situações – gestantes, pessoas imunodeprimidas, com HIV, transplantadas e acima de 60 anos. Nesses casos, o paciente deve conversar com o médico e tomar uma decisão individual, para avaliar o risco-benefício, pois a vacina é feita com o vírus vivo atenuado, enfraquecido, mas ainda assim, é o vírus. Pode causar alguma manifestação da doença, principalmente em quem tem imunidade baixa.

Os sintomas comuns da febre amarela são manchas na pele, dores nas costas, no corpo e musculares, febre, enjoo, vômito, fadiga e fraqueza. “Em casos graves, que são exceção, a pessoa pode ter uma febre bem alta e ficar com aquele amarelão, que chamamos de icterícia, no branco dos olhos. Pode ter hemorragia, sangramentos e entrar em choque, quando a pressão baixa e a pessoa entra em coma. A doença evolui, porque ataca vários órgãos, causando insuficiência generalizada de múltiplos órgãos”, detalha Gewehr. Não há tratamento específico para a febre amarela, apenas o de suporte. “Sabemos que vai evoluir para insuficiência renal, então a pessoa vai ser rigorosamente hidratada, que pode ter hemorragia, aí fazemos transfusão de sangue, até que o próprio organismo combata e resolva a infecção por conta própria”, completa o médico. O índice de mortalidade dos pacientes contaminados varia de 20% a 50%.

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Fonte: Jornal do Comércio